domingo, 7 de fevereiro de 2010

CHA VERDE

Consumo de chá verde proporciona redução da mortalidade por todas as causas e por doenças cardiovasculares, mas não reduz a mortalidade por câncer

Polifenóis do chá verde foram extensamente estudados como agentes em doença cardiovascular e como quimioprotetores contra câncer em estudos animais e com seres humanos. Todavia, os efeitos do consumo de chá verde em humanos permanecem nebulosos.

Pesquisadores japoneses publicaram, recentemente, no JAMA, um estudo em que investigaram as associações entre o consumo de chá verde e a mortalidade por todas as causas e por causas específicas.

Foi realizado um estudo de coorte prospectivo, populacional, o Ohsaki National Health Insurance Cohort Study, que se iniciou em 1994 e incluiu 40.530 japoneses adultos, com idade entre 40 e 79 anos, sem antecedente pessoal de acidente vascular cerebral, doença coronariana ou câncer. Os pacientes foram acompanhados por até onze anos (1995 – 2005) pra mortalidade por todas as causas e por até sete anos (1995 – 2001) para mortalidade por causas específicas. Os desfechos analisados foram a mortalidade por doença cardiovascular, mortalidade por câncer e mortalidade por todas as causas.

Após onze anos de acompanhamento (taxa de acompanhamento = 86,1%), 4209 pacientes faleceram, e em sete anos de acompanhamento (taxa de acompanhamento = 89,6%), 892 pacientes faleceram por doença cardiovascular e 1134 pacientes faleceram por câncer. O consumo de chá verde foi inversamente associado à mortalidade por todas as causas e à mortalidade por doença cardiovascular. A associação inversa com a mortalidade por todas as causas foi mais significativa entre pacientes femininas (p = 0,03 para interação com sexo). Em pacientes masculinos, as razões de risco multivariado de mortalidade por todas as causas associadas a diferentes freqüências de consumo de chá verde foram iguais a 1,00 (referência) para menos de um copo ao dia, 0,93 (IC95% = 0,83 – 1,05) para um a dois copos ao dia, 0,95 (IC95% = 0,85 – 1,06) para três a quatro copos ao dia, e 0,88 (IC95% = 0,79 – 0,98) para cinco ou mais copos ao dia, respectivamente (p = 0,03 para tendência linear). Os dados correspondentes para pacientes femininas foram iguais a 1,00, 0,98 (IC95% = 0,84 – 1,15), 0,82 (IC95% = 0,70 – 0,95) e 0,77 (IC95% = 0,67 – 0,89), respectivamente (p < 0,001 para tendência linear).

A associação inversa entre consumo de chá verde e a mortalidade por causas cardiovasculares foi mais significativa que a associação entre consumo de chá verde e mortalidade por todas as causas. Esta associação inversa também foi mais significativa em pacientes femininas (p = 0,08 para interação com sexo). Em pacientes femininas, as razões de risco multivariado de mortalidade por doença cardiovascular nas diversas categorias de consumo de chá verde foram iguais a 1,00, 0,84 (IC95% = 0,63 – 1,12), 0,69 (IC95% = 0,52 – 0,93), e 0,69 (IC95% = 0,53 – 0,90), respectivamente (p = 0,004 para tendência linear). Entre os diversos tipos de mortalidade por doença cardiovascular, a associação inversa mais significativa foi observada à mortalidade por acidente vascular cerebral. Por outro lado, as razões de risco de mortalidade por câncer não foram significativamente diferentes de 1,00 em todas as categorias de consumo de chá verde, comparadas à categoria de menor consumo de chá verde.

Portanto, os pesquisadores concluíram que o consumo de chá verde associa-se a mortalidade reduzida por todas as causas e por doença cardiovascular, porém não há redução da mortalidade por câncer.

Uma resenha de Green tea consumption and mortality due to cardiovascular disease, cancer, and all causes in Japan - JAMA 206;296:1255-1265.

SISTEMA CIRCULATORIO

Plantas colaboram com drenagem linfática e microcirculação cutânea

Creme à base de catuaba e marapuama aumentou temperatura cutânea e reduziu medidas antropométricas de regiões afetadas pela celulite. Associação com outros extratos, como castanha-da-Índia e arnica, pode complementar ação do tratamento estético
Conhecidas por seus supostos efeitos afrodisíacos, a catuaba e a marapuama também podem ser usadas no tratamento estético na melhora da celulite. Segundo pesquisa realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, um extrato que associa as duas plantas possui propriedades que colaboram com a drenagem linfática e a microcirculação cutânea, fatores que influenciam no aparecimento das deformidades estética. "Médicos que acompanharam os estudos e voluntárias submetidas ao tratamento observaram melhora na aparência geral da pele", conta a farmacêutica industrial Idalina Salgado-Santos.

De acordo Idalina, que estudou as duas plantas nativas brasileiras em seu mestrado, a pesquisa envolveu 40 mulheres com Hidro Lipodistrofia Ginóide (o nome científico da celulite) de grau 2 e 3, em uma escala que varia de 1 a 4, e apontou dois efeitos. O primeiro deles foi um aumento na temperatura cutânea de aproximadamente 0,6 °C (graus centígrados) em média, o que revela principalmente que a microcirculação melhorou nos locais onde esta variação foi constatada. "Os locais afetados tendem a ser regiões mais frias", explica ela. A pesquisadora afirma que a temperatura normal nas regiões da coxa e abdômen gira em torno de 31 °C e 32 °C, enquanto os valores registrados nas voluntárias antes e depois do tratamento, respectivamente, foram de 28,5 °C, em média, e até 29,5°C.

Nestas mesmas regiões, foi observada uma ligeira diminuição nas medidas antropométricas, outro aspecto cujas alterações se mostraram relevantes. "Verificamos, em condições padronizadas de medida, reduções próximas a 1 centímetro, valores estatisticamente significativos." Como não houve, durante a pesquisa, alteração de peso das voluntárias que pudesse influenciar nesse resultado, a conclusão foi de que a ação dos extratos melhorou a drenagem linfática, distribuindo os líquidos com maior eficácia.

Apesar de as propriedades do extrato serem compatíveis com as indicações propostas pelas indústrias que começam a comercializá-lo, Idalina recomenda cautela. "A melhora observada pode ser um pouco abaixo da expectativa do cliente, que geralmente é bastante alta." A pesquisadora acredita que a associação do extrato com outros ativos pode resultar em maior eficiência. Derivados de castanha-da-Índia, arnica, cafeína e outras plantas poderiam complementar a ação da catuaba e da marapuama, pois possuem atividade lipolítica (quebra de gorduras), propriedades que não foram detectadas no estudo.

Tratamento
Durante 60 dias, as voluntárias utilizaram o creme com o extrato. Ao final de cada mês passaram por avaliações para medir variações no fluxo sanguíneo, na temperatura cutânea, nas medidas antropométricas, no peso e na espessura da hipoderme (grosso modo, a camada de gordura que fica logo abaixo da derme). Para evitar ao máximo interferências externas, as pacientes passaram por uma rigorosa avaliação clínica, que determinou o grau de celulite de cada uma, além de itens como o Índice de Massa Corporal (IMC), acúmulo de líquidos por conta do ciclo menstrual, hábitos alimentares e cosméticos, histórico de gestações e utilização de medicamentos, práticas de exercícios, antes e durante toda a pesquisa.

No final de 2004, alguns resultados foram apresentados no congresso da International Federation of Societies of Cosmetics Chemists (IFSCC), realizado nos EUA. A idéia é divulgar as conclusões, no próximo ano, neste evento e também no International Society for Bioengeering and Skin Congress, que também acontece nos EUA. Segundo ela, por serem acessíveis e não invasivos, os tratamentos cosméticos para celulites têm se popularizado, motivo pelo qual algumas empresas já estariam bastante adiantadas para disponibilizar comercialmente cremes que contenham os ativos.

Uma resenha de Plantas colaboram com drenagem linfática e microcirculação cutânea - Agência USP

AMENDOA LOPO - A MAIOR FONTE DE OMEGA 3, 6 E 9

Estudo JELIS: Óleo de peixe rico em ômega-3 produz benefícios cardiovasculares em combinação com estatina

Mais um estudo comprova benefício cardiovascular da suplementação de óleo de peixe para pacientes com doença cardiovascular. O estudo japonês JELIS (Effects of Eicosapantaenoid Acid on Major Cardiovascular Events in Hypercholesterolemic Patients: The Japan EPA Lipid Intervention Study).



Mais de 9.326 pacientes japoneses receberam 1,8 g diárias de ácido eicosapentenóico (EPA) altamente purificado por mais de 4 anos. Um número semelhante de pacientes participou do estudo como grupo controle. Todos os pacientes (grupo tratado e controle) faziam uso de uma estatina. O endpoint primário do estudo incluiu morte cardíaca súbita, infarto do miocárfdio e angina instável, angioplastia ou cirurgia de revascularização miocárdica por by-pass.



Esta forma do ácido eicosapentenóico (EPA), derivado de óleo de peixes e rico em ômega-3, está disponível há quinze anos no Japão para tratamento de alterações no perfil lipídico e doença arterial periférica.



"Após 4 anos e meio de seguimento, o endpoint primário foi observado em 2,8% dos pacientes do grupo EPA + estatina e em 3,5% do grupo que recebeu apenas estatina.", afirmou o Dr. Mitsuhiro Yokoyama, chefe da divisão de Cardiologia e Pneumologia da Universidade de Kobe, Japão. "Isto representa uma redução de 19% no risco cardiovascular."



Este benefício também foi visualizado em pacientes que já tinham história de eventos cardiovasculares. Neste subgrupo, a redução do risco de novos eventos foi de 19% em favor dos pacientes submetidos à suplementação com EPA.



"Estudos epidemiológicos demonstraram que uma dieta rica em ácidos graxos ômega-3 poli-insaturados, que são abundantes em peixes, tem efeito protetor contra morte e doença coronariana.", completou o palestrante.



A dieta no Japão inclui 40% de alimentos provenientes de peixes e as taxas de doença cardiovascular são menores do que as observadas em países ocidentais. Os jovens, entretanto, têm apresentado alteração em seu padrão de dieta e as taxas de perfil lipídico têm se aproximado do padrão ocidental.



"Interessantemente, os achados deste estudo mostram que os benefícios da terapia combinada não parecem ser relacionados a alterações nas taxas de colesterol. Ambos os grupos apresentaram taxas de redução similares de 26% no LDL.", observou o Dr. Mitsuhiro Yokoyama.



O EPA pode beneficiar o paciente através de vários mecanismos que podem incluir efeitos anti-trombóticos, anti-inflamatórios ou na redução de triglicérides, argumentou o palestrante.

O Dr. Robert Eckel, Presidente da American Heart Association, ressaltou que o JELIS vem contribuir para as evidências positivas quanto ao uso de ácidos graxos ômega-3 em pacientes com doença coronariana conhecida, e agora com um efeito suplementar aos das estatinas. Considerou também que os atuais suplementos alimentares vendidos nos Estados Unidos contêm uma dosagem inferior de EPA daquela utilizada neste estudo, dado que também se verifica nos suplementos comercializados no Brasil.


Uma resenha de Estudo JELIS: Óleo de peixe rico em ômega-3 produz benefícios cardiovasculares em combinação com estatina - AHA 2005